domingo, 13 de junho de 2010

Onde o amor dói - da série a menina de polainas vermelhas

Como um domingo nublado a dor é uma possibilidade.
Ela espreita os acontecimentos, densa e consistente, até que o fato acontece e desmorona todas as possibilidades de alegria. A menina de polainas vermelhas tem que aceitar.
Ela desiste, desolada, e perde as pessoas por quem estava começando a se afeiçoar.
E a dor pode se manifestar.
Dói aquela cavidade que fica entre o estômagoe o peito, onde ela imagina ser o diafragma.
Dói, revira e ela tem que engolir o tempo todo.
E as lágrimas marejam os olhos e chegam até mesmo a cair.
E ela tem que enxugar o tempo todo.
E olhar para o caminho, sorrir e continuar caminhando.
Lembra de esfumaçados sonhos e planos, mas tudo está se dissolvendo em suas lágrimas. Evanescendo a uma velocidade que ela não pode controlar. Tudo era puro e bonito, e agora está contaminado por uma bruma cinzenta.
Ela sabe que a estrada está ali e que o show tem que continuar. E não duvida da sua capacidade de continuar brilhando. Só nesse breve momento em que a dor está nublando seu brilho, mas que já vai passar.
E sentindo a dor que tem que sentir, e chorando as lágrimas que não pode conter a menina vilslumbra o restante daqueles sonhos irem embora. E lamenta.
O amor perdeu uma excelente chance de se manifestar.

virando páginas...

Folhetim - Chico Buarque

Se acaso me quiseres
Sou dessas mulheres
Que só dizem sim
Por uma coisa à toa
Uma noitada boa
Um cinema, um botequim

E, se tiveres renda
Aceito uma prenda
Qualquer coisa assim
Como uma pedra falsa
Um sonho de valsa
Ou um corte de cetim

E eu te farei as vontades
Direi meias verdades
Sempre à meia luz
E te farei, vaidoso, supor
Que és o maior e que me possuis

Mas na manhã seguinte
Não conta até vinte
Te afasta de mim
Pois já não vales nada
És página virada
Descartada do meu folhetim