segunda-feira, 31 de outubro de 2011

a.m.o.r

Tudo corria leve e morno como habitual.
As admoestações costumeiras, uma pulguinha atrás da orelha.
Estava se acostumando com a situação. A cada minuto reavaliava se poderia continuar se entregando, sem receber em troca nenhum sinal de reciprocidade.
Nem sempre isso é possível e por vezes chega a ser insalubre.
Então alguma coisa começou a mudar.
O olhar, o toque, o cheiro. Tudo se intensificou repentinamente.
Não sabia explicar o que era nem porque a mudança acontecera...

Foi então que, numa festa, algo se iluminou.
Olhar no fundo dos olhos, um do outro, ambos corações batendo como se fossem escapar dançando pelo salão. Um sorriso, um sinal.

Eu...
amo você.

e o silêncio bastou

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Namore uma garota que lê

Namore uma garota que gasta seu dinheiro em livros, em vez de roupas. Ela também tem problemas com o espaço do armário, mas é só porque tem livros demais. Namore uma garota que tem uma lista de livros que quer ler e que possui seu cartão de biblioteca desde os doze anos.
Encontre uma garota que lê. Você sabe que ela lê porque ela sempre vai ter um livro não lido na bolsa. Ela é aquela que olha amorosamente para as prateleiras da livraria, a única que surta (ainda que em silêncio) quando encontra o livro que quer. Você está vendo uma garota estranha cheirar as páginas de um livro antigo em um sebo? Essa é a leitora. Nunca resiste a cheirar as páginas, especialmente quando ficaram amarelas.

Ela é a garota que lê enquanto espera em um Café na rua. Se você espiar sua xícara, verá que a espuma do leite ainda flutua por sobre a bebida, porque ela está absorta. Perdida em um mundo criador pelo autor. Sente-se. Se quiser ela pode vê-lo de relance, porque a maior parte das garotas que leem não gostam de ser interrompidas. Pergunte se ela está gostando do livro.

Compre para ela outra xícara de café.
Diga o que realmente pensa sobre o Murakami. Descubra se ela foi além do primeiro capítulo da Irmandade. Entenda que, se ela diz que compreendeu o Ulisses de James Joyce, é só para parecer inteligente. Pergunte se ela gosta ou gostaria de ser a Alice.
É fácil namorar uma garota que lê. Ofereça livros no aniversário dela, no Natal e em comemorações de namoro. Ofereça o dom das palavras na poesia, na música. Ofereça Neruda, Sexton Pound, cummings. Deixe que ela saiba que você entende que as palavras são amor. Entenda que ela sabe a diferença entre os livros e a realidade mas, juro por Deus, ela vai tentar fazer com que a vida se pareça um pouco como seu livro favorito. E se ela conseguir não será por sua causa.

É que ela tem que arriscar, de alguma forma.
Minta. Se ela compreender sintaxe, vai perceber a sua necessidade de mentir. Por trás das palavras existem outras coisas: motivação, valor, nuance, diálogo. E isto nunca será o fim do mundo.

Trate de desiludi-la. Porque uma garota que lê sabe que o fracasso leva sempre ao clímax. Essas garotas sabem que todas as coisas chegam ao fim. E que sempre se pode escrever uma continuação. E que você pode começar outra vez e de novo, e continuar a ser o herói. E que na vida é preciso haver um vilão ou dois.

Por que ter medo de tudo o que você não é? As garotas que leem sabem que as pessoas, tal como as personagens, evoluem. Exceto as da série Crepúsculo.

Se você encontrar uma garota que leia, é melhor mantê-la por perto. Quando encontrá-la acordada às duas da manhã, chorando e apertando um livro contra o peito, prepare uma xícara de chá e abrace-a. Você pode perdê-la por um par de horas, mas ela sempre vai voltar para você. E falará como se as personagens do livro fossem reais – até porque, durante algum tempo, são mesmo.
Você tem de se declarar a ela em um balão de ar quente. Ou durante um show de rock. Ou, casualmente, na próxima vez que ela estiver doente. Ou pelo Skype.
Você vai sorrir tanto que acabará por se perguntar por que é que o seu coração ainda não explodiu e espalhou sangue por todo o peito. Vocês escreverão a história das suas vidas, terão crianças com nomes estranhos e gostos mais estranhos ainda. Ela vai apresentar os seus filhos ao Gato do Chapéu [Cat in the Hat] e a Aslam, talvez no mesmo dia. Vão atravessar juntos os invernos de suas velhices, e ela recitará Keats, num sussurro, enquanto você sacode a neve das botas.

Namore uma garota que lê porque você merece. Merece uma garota que pode te dar a vida mais colorida que você puder imaginar. Se você só puder oferecer-lhe monotonia, horas requentadas e propostas meia-boca, então estará melhor sozinho. Mas se quiser o mundo, e outros mundos além, namore uma garota que lê.

Ou, melhor ainda, namore uma garota que escreve.

Texto original: Date a girl who reads – Rosemary Urquico

Tradução e adaptação – Gabriela Ventura

segunda-feira, 20 de junho de 2011

carta aberta aos garotos da minha vida


Chega!

Parem de me admirar!

Eu não quero mais ser legal, eu não quero mais ser diferente. Chega de ser especial.

Eu possuo necessidades especiais.

Eu quero que vocês amem meus defeitos e me assumam. ME ASSUMAM COMO EU ASSUMI VOCÊS!
Eu não sou mulher de pouca força, não sou coadjuvante pra vida de ninguém. O meu horário não é comercial. Às vezes eu só posso namorar de madrugada.

De hoje em diante vai ser assim: Ou diga ao povo que fica, ou vá embora porque eu cansei de indepêndencia.

Vou deixar os chocolates e comédias românticas à mão.
Parem de me adimirar. Amem meus defeitos.
Adeus.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Eu odeio fazer dieta.
Eu odeio o fato de que agora existe trakinas integral sem recheio.
Eu nao gosto de ter que fazer apresentação pro mestrado no mesmo dia em que terminou o download de Gilmore Girls.
Eu não gosto de ir pra academia.
Eu ainda estou esperando a minha carta de Hogwarts.
Ou ser descoberta por um produtor da Broadway ao comprar pão.
Ou pelo principe, aquele de cavalo branco e sem fantasmas do passado.

Sim, eu tenho medo, de não reconhecer o príncipe se ele estiver de all star e camiseta, com uma longo álbum de fotos demonstrando seu passado.

E, uma hora de cada vez, eu resisto à pizza que está no congelador...

segunda-feira, 21 de março de 2011

in-gênui (no) dade

Um ser ingênuo
genuinamente ignorante
ingenuamente genuino
ignorantemente ingênuo.

Parte para a vida e respira fundo.
Ar, fumaça.
Cerveja, cachaça.
Sabores e odores do mundo.

Seu sorriso independe.
Desafina, sem querer.
Sem saber, sem se preocupar.
Ingenuamente, continua.
Nunca pára de cantar.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Quando o velho vira novo

De repente, não era mais o mesmo.
Havia uma aura diferente. Um "quê" a mais.
E a turbulência começou. Nâo sabia mais como agir, o que falar.

Não, não haveria mudanças intencionais. Mas a mudança já acontecera, inconscientemente e nenhum dos dois podia prever o que aconteceria.

Problema? Não necessariamente. Confusão? COM CERTEZA!

O fato é que se amam, isso não é novidade. Todos já sabem há muito tempo.
Como vão agir com as mudanças que aconteceram, só o tempo dirá.

Enquanto isso em algum lugar no pólo norte, o velho se renova de outras formas enquanto o gelo derrete.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Mais

Estou cansada.

Do vazio, da superfície, de antever as coisas.

Da falta de entrega, da falta de fé.

De saber que eu tenho prazo de validade.

É tudo muito legal, mas eu quero mais.

Eu quero a cadeira
de balanço e os netos. Quero as rugas, que o óculos. Quero o bolinho de chuva.

Eu quero as bodas de prata, quero saber o pensamento por um olhar, que reconhecer os cheiros...

Quero os planos de viagem romantica. Quero todos os planos que não vão acontecer.
Eu exijo os planos mirabolantes, o arco-íris e o barco.
Veneza, Buenos Aires e NY.
A novela e o futebol.

Quero a música, a dança e as fotos. A massagem nos pés.
A briga e o desacordo, a reconciliação.

Eu quero mais...