sábado, 21 de março de 2009

Reciclagem

Hoje aproveito para repetir o título do blog de uma amiga.
Mas, o que vou reciclar é um texto, mais especificamente uma música, composta pelo Caetano que me chegou aos ouvidos na interpretação de Ana Canãs, uma cantora que amo.

Quem quiser ver um pouco, no meu orkut tem um videoclipe muito legal dela. A música, eis.

Coração Vagabundo

Ana Cañas

Composição: Caetano Veloso

Meu coração não se cansa
De ter esperança
De um dia ser tudo o que quer
Meu coração de criança
Não é só a lembrança
De um vulto feliz de mulher...

Que passou por meus sonhos
Sem dizer adeus
E fez dos olhos meus
Um chorar mais sem fim
Meu coração vagabundo
Quer guardar o mundo
Em mim!
Meu coração vagabundo
Quer guardar o mundo
Em mim!

Meu coração não se cansa
De ter esperança
De um dia ser tudo o que quer
Meu coração de criança
Não é só a lembrança
De um vulto feliz de mulher...

Que passou por meus sonhos
Sem dizer adeus
E fez dos olhos meus
Um chorar mais sem fim
Meu coração vagabundo
Quer guardar o mundo
Em mim!
Meu coração vagabundo
Quer guardar o mundo
Em mim!

Meu coração vagabundo
Quer guardar o mundo
Em mim!
Meu coração vagabundo
Quer guardar o mundo
Em mim!

segunda-feira, 16 de março de 2009

A menina que roubava livros

Vi, certa vez, um livro numa vitrine.
Chamou-me atenção não o título, mas a linha que o acompanhava "Quando a morte conta uma história você deve parar para ler". Sem dúvida, uma publicidade de impacto. O livro é muito bonito, a arte da capa é bem apropriada, como um "Best Seller" deve ser. A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS. Fiquei interessada. Comentei com algumas pessoas. Ganhei o livro de duas delas no meu aniversário.

A história é realmente encantadora, muito legal mesmo. Eis que, mais de um ano depois ganho o livro de presente novamente. De alguém não muito próximo, mas que me é muito querida. Fiquei imensamente grata e lisonjeada de terem achado esse livro "com a minha cara". Gostei muito. Nem comentei com a pessoa que me deu que eu já tinha o livro, inclusive (concidências..) faz dois dias que peguei o meu exemplar pra emprestar para uma colega. Enfim.. "quando você ganha um livro três vezes você deve parar para ler". =D

Ainda não decidi o que vou fazer com a cópia sobressalente. Provavelmente, vou tentar trocar em algum sebo (é, não veio com selinho de troca) pelo segundo livro do mesmo autor que lançaram há pouco e também me interessou. Se por acaso a pessoa que me deu o livro ler o blog, não fique chateada. Eu realmente gostei muito de ter ganho esse livro e por isso não pedi pra trocar. MESMO!

Mas.. curioso... ganhar um mesmo livro.. três vezes..

domingo, 8 de março de 2009

Densidão esmagadora


Esmagada pela atmosfera. Uma atmosfera, não de solidão, mas de estar sozinha. As possibilidades contidas nessa atmosfera são esmagadoras e entediam e dão uma preguiça de viver. Posso fazer o que eu quiser, vestir o que eu quiser, tomar banho se quiser... Ninguém está aqui e nem vai estar. O próximo compromisso é só amanhã. Até amanhã todas as possibilidades de minha vontade - dentro do espaço quadrado de minha casa ou proximidades - são válidos.
A primeira tentativa é fugir. Criar compromissos inexistentes, contatar amigos, dormir fora de casa. Mas aos poucos a atmosfera do Estar-só se faz tão densa de forma que não há como escapar. Confronto meus pensamentos, vontades e afazeres pendentes de uma forma que até ofende. Não se deve jogar na própria cara sua personalidade. Os verdadeiros desejos de uma pessoa não devem ser revelados a ela mesma desta forma tão despudorada. É ultrajante, doloroso e desnecessário. Pra que serve afinal esse aparato multimídia e a urgência do capitalismo senão pra criar necessidades desnecessárias, mas que camuflam suas necessidades reais?
A atmosfera aumenta sua densidade (o termo mais exato seria densidão, densidade é muito físico, não combina com a atmosfera do Estar-só). O peso dela chega a doer nos ombros e arder os olhos. Entope os ouvidos. O fato de estar chovendo apenas reforça as sensações. A atmosfera parece ter provocado a chuva e agora se regozija com a sua presença, de renovação e energia lá fora; aqui fora, enquanto me obriga a ficar abafada dentro do quadrado, onde ela habita comigo nesse momento. Um requinte de crueldade, sem dúvida. E eu que amo a chuva me vejo desejando que ela cesse.
Aos poucos, vou reprogramando os compromissos que marquei comigo mesmo. Provavelmente vou me dar o cano. Dormir é a única maneira de escapar da atmosfera. Acaba-se com a consciência de que a atmosfera está aqui. E quando acordar, ela terá ido embora com a chuva e o final de semana.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Claricismos Lispectorantes e a espera.



É difícl acreditar que depois de tanto tempo eu estou aqui esperando por ele de novo. Não sei ao certo como aconteceu a metamorfose que fez com que meu "eu-ego", minhas entranhas e minha consciência se dissociassem dele. Eu não preciso mais dele, o que me lembra que se estou a esperá-lo novamente é por opção e não por necessidade. E, justamente por ser opção é que ne deixa mais zangada. Observo os casais apaixonados ao redor e fico num misto de enjoada e enervada. Eu gosto muito de flutuar numa nuvem-de-algodão-doce-cor-de-rosa com curvas de tobogã que dão frio na barriga. É assim que os casais apaixonados se sentem... Mesmo com todas as decepções da vida, quando você se apaixona, desaprende tudo e volta a flutuar no algodão doce, mas uma hora ele açucara e desmancha ou desanda. E aí você fica patinando na maionese.
Talvez por estar num cinema, com todo seu clima romântico, fico mais e mais nervosa a medida que o tempo passa. Mas por que quero, tenho opção de ir embora e dar as costas a ele assim que quiser sem que meu coração faça muito drama. "meu coração está no bolso" diz a letra de uma música " e um moço tirou ele de lá". Mas o meu está no bolso, está ainda ali. Batendo torpe. Como se estivesse à espera do crepúsculo ou da aurora.. ou de um temporal.
Esse tipo de texto é muito claricista. Um enredeado de palavras, compostas de sentimentos. De ser e basta. Mas claro, não vou alongar o monólogo. Como Clarice Lispector (longe de mim me comparar) isso é só literatura. Enjoativa, enervante, torpe... por si só. Com um coração que bate no bolso.