terça-feira, 29 de dezembro de 2009

em algum lugar

em algum lugar com o céu de algum azul que não se sabe

as listras amarelas marcam o caminho, no asfalto, em vez de tijolos

a vida segue, grande, morna e longa

o tempo não passa

na cidade pequena onde tudo passa e pouca coisa fica

e mesmo assim nada é efêmero, tudo permanece

na memória, nas marcas, nas rugas, nos cabelos brancos.

Mas o que é novo já se foi.

e o calor abafa o azul fresco do céu

e disfarçam as árvores, por se sentirem pressionadas a refrescar.

na cidade tem um poço...

a água é muito limpa.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Como é que se escreve R.e.v.e.i.l.l.o.n.?

Pra não dizer que não falei das flores, faço aqui o post de Reveillon.

honestamente, eu estou tão de saco cheio de internet e etc. que gostaria de me privar de fazer algo profundo e poético, ao menos por enquanto. Não quero ver o que melhorou ou piorou na minha vida. Quem partiu pra não mais voltar. O que acabou. Não quero enumerar as milhares de coisas que começaram. Não quero publicar os planos, os vários planos que sonhei e dramatizei milhares de vezes na minha cabeça para o ano de 2010.

Quero apenas duvidar e acreditar. Eperar coisas ainda melhores. Que os plano se concretizem ou então que sejam substituídos por outros que façam mais sentido.

E quero agradecer. Toda a companhia e apoio dos que passaram comigo um 2009 conturbado, cheio de altos e baixos. Mas sempre com muita leveza e bom humor.

Que 2010 venha. Com mais altos do que baixos.
Pra encerrar, lembrei de uma música/poesia, muito simpática, da Paula Toller.


Oito Anos - Paula Toller/Dunga

Por que você é Flamengo
E meu pai Botafogo
O que significa"Impávido Colosso"?
Por que os ossos doem
Enquanto a gente dorme
Por que os dentes caem
Por onde os filhos saem

Por que os dedos murcham
Quando estou no banho
Por que as ruas enchem
Quando está chovendo
Quanto é mil trilhões
Vezes infinito
Quem é Jesus Cristo
Onde estão meus primos

Well, well, well
Gabriel...
Well, well, well
Well

Por que o fogo queima
Por que a lua é branca
Por que a Terra roda
Por que deitar agora
Por que as cobras matam
Por que o vidro embaça
Por que você se pinta
Por que o tempo passa

Por que que a gente espirra
Por que as unhas crescem
Por que o sangue corre
Por que que a gente morre
Do qué é feita a nuvem
Do qué é feita a neve
Como é que se escreve Reveillón

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Fingertips

Ela sentiu a mão acariciando seus cabelos e não precisou abrir os olhos para saber que os dedos eram dele.

Respirou fundo e não conseguiu conter um sorriso. Ficou com medo que ele pudesse perceber o coração acelerando. Desde que o telefone havia tocado, horas antes, convidando para aquele churrasco, ela sabia no que aquilo podia resultar...

Fazia quase dez anos que não podiam se falar e olhar e tocar. A vida lhes tinha apresentado muitos obstáculos. Foram deixando passar.
Naquele mês as ciscuntâncias os aproximaram. Estavam, desde o primeiro momento em que se viram, reprimindo o impulso de se abraçar e tocar e cheirar. Ela principalmente, queria respeitar seu instinto de auto-preservação e negar peremptoriamente o que estava sentindo. Entretanto, o acontecido na última festa, um beijo sem aviso, controle ou explicação, havia lhe tirado o sono e o fôlego durante muitas noites da semana.

Seu instinto não deixou com que se surpreendesse ao ver o nome dele na chamada do celular naquele dia. Enquanto ele explicava sobre a nova casa e o churrasco arquitetado pelos amigos, ela ponderava se iria ou não aceitar o convite, porque sabia que a partir do momento em que dissesse "sim" a caixa de pandora estaria aberta e não haveria como voltar.

Aceitou.

Levou algum tempo escolhendo uma roupa que, ao mesmo tempo fosse bonita e não denotasse suas verdadeiras intenções. Era conhecida por ser "casual e despojada", jamais feriria sua reputação. No horário combinado, os amigos vieram lhe buscar e, conforme o esperado, elogiaram suas roupas, seu estilo de vida, seu gosto musical, tudo aquilo com que já estava habituada.

Ela conseguiu durante toda a noite ficar longe do olhar e do toque. De tudo que, sabia, não poderia fugir. Contudo, no momento em que decidiu ir dormir, pressentiu os movimentos e olhares dele. Quando chegou a tocá-la, primeiro acariciando seus cabelos e depois o rosto, ela já estava esperando. Decidiu então, que não havia nem como e nem porque negar o que estava acontecendo entre os dois. Todo o magnetismo entre eles era único e um sentimento raro nos dias de hoje. Abriu os olhos, olhou fundo nos dele e não precisou dizer nada para que ele entendesse que ela estava finalmente se abrindo. Toda a privação dos dez anos que precederam aquele momento estava se concretizando. Era possivel dizer que a atmosfera ao redor compartilhava o momento alterando pressão, cor, som, temperatura.
Durante muito tempo, o mundo fez sentido. Não havia antes nem depois. Porquê ou quando. Só aquele momento. Ela foi feliz como há muito não era.

Horas depois não precisou abrir os olhos para sentir que aquela atmosfera mágica havia desvanecido, apesar de os dedos dele ainda lhe estarem acariciando a barriga. Repirou fundo, sorriu e disse com a voz rouca de sono "Tenho que ir".

Os dois morcegaram junto um pouco, colocaram a roupa e ele foi, gentilmente, levá-la ao seu destino: a vida real.

Na despedida, abraçaram-se e respiraram fundo, ambos tentando capturar a essência um do outro. Como se pudessem esquecer aquele cheiro resultante do contato dos dois.

"Nos falamos quando der..."

Chegou em casa, trocou de roupa, colocou as polainas vermelhas, pois havia esfriado muito naquela tarde. Saiu contabilizando os afazeres pendentes, tentando pensar.

Mas era tarde demais,
a caixa estava aberta...

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A atitude

Ele parecia um personagem do Fellini, saído direto de juventude transviada.

Vinte anos, jaqueta de couro com jeans. Cigarro red, acompanhado por aquela atitude. Aquela que só temos aos vinte anos, quando o mundo é um mistério, uma droga, uma merda, um espelho. Um lugar estranho onde não conseguimos nos ajustar e nem queremos.

Tinha aqueles olhos azuis, inquisidores. E, claro, ele tinha uma banda.

Por ser mais novo, ele exercia aquele encanto. Aquele “quê” a mais. E, por alguma razão misteriosa, me incomodava muito ser mais velha que ele. Porque ele tinha que ser acolhedor e protetor. Ele tinha que ser o cara pra alguém. Mas, pra mim, ele sempre seria o carinha mais novo. Alguém pra ensinar.

Contudo, a primeira surpresa foi quando ele chegou pra me beijar, sem avisos ou hesitação, e me pegou de um jeito que não deu pra recuar, nem pensar se era certo ou errado, bom ou ruim. Só tinha que ser e ponto. E assim aquele menino, foi, aos meus olhos se tornando um homem. A experiência com narcóticos (que eu não tenho nenhuma). A desenvoltura musical. O jeito de tentar compensar a pouca idade sendo protetor, cavalheiro e romântico. E me fez reviver... Reaprender algumas coisas.

Me fez acreditar novamente no romantismo. Nos sonhos e projetos. No número dois. Não porque tenhamos feito quaisquer planos ou projetos e nem mesmo falado no depois. Simplesmente, por não falarmos e nem sequer pensarmos. Não pensamos nas possibilidades. Em nada. Só aproveitamos nossos momentos, o mais romanticamente que se podia ser. Gostoso, leve, cheio de encanto. Como uma brisa que sentimos no rosto aos vinte anos. Como uma canção. Um vento no litoral.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

o sorriso...

O sorriso.

O que mais definia o garoto era a sua inabilidade de parar de sorrir.

Aquele sorriso largo, bonito, leve, cheio de amor e carinho é o que mais me lembro do tempo em que estivemos juntos.

Tivemos um amor adolescente, do mais típico possível. Muito bom. Sem grandes mágoas e ressentimentos. Sem conseqüências graves. Tudo muito simples e bonito. Como um verão.

Acho que eu nunca vou deixar de gostar daquele garoto, por mais que passem décadas e envelheçamos. Claro, que é um gostar totalmente diferente. Uma coisa que só se adquire com um relacionamento como esse. Como se tivéssemos deixado uma marquinha um no outro e agora, sempre que nos encontramos reativamos ela. No bom sentido, sem sofreguidão ou espera... Sem malícia...

Lembro-me da energia, da admiração (que era mútua e ainda é).

Lembro-me da alegria de estarmos juntos. De uma forma leve e despreocupada. E bonita.

Lembro-me do rock’n’roll...

Lembro-me da praia...

Dos “amassos” escondidos na cozinha, no sótão, ao lado da bateria...

E do sorriso, que não deixou seu rosto, nem no dia em que conversamos para terminar o namoro.

O sorriso...

domingo, 27 de setembro de 2009

Os garotos da minha vida

Começa uma nova série:

que vai falar sobre os garotos da minha vida.

Amigos, parentes, namorados.

Todos amores.

Vai falar, descrever, desabafar.
Vai contar do que houve, o que ficou e o que foi embora.
Das lembranças, as boas.
As impressões restantes.
As marcas indeléveis.
Do amor que ainda ficou.

Vai contar dos que foram, dos que estão.
Dos que podem ser (e as possibilidades tem o luxo de se apresentarem sem mágoas e decepções).
Dos que ficaram em minha vida por muito tempo, dos que passaram rapidamente.

Os garotos da minha vida, na minha memória e sentimento.
Sem nome, mas com identidade
Se você conhece, tente adivinhar quem são...

Eu não conto.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Punição na ficção já ou greve de globo!

Não tenho assistido novela ultimamente.
Faculdade, ensaios, coisas afins, vida que corre e um pouco de enchição de saco mesmo...
Não tenho assistido, mas eu gosto.
Então, sempre que posso, dou uma espiadinha nos comerciais, acompanho um capítulo ou outro. Quando gosto, acompanho mais. Etc. etc. blá, blá, blá...

Entretanto...

Acompanhei os momentos finais da novela Caminho das índias.
Não entendi algumas coisas, já que não vi o resto da novela, mas pude entender o suficiente para acompanhar os comentários na rua, revistas e, principalmente, no meu trabalho.

E foi aí que me espantei.

Aparentemente, os vilões dessa novela não foram punidos no final.
Um fugiu, outro cumpriu pena de serviço comunitário, outro se regenerou, alguns até se deram bem... Enfim... Saiu do normal que é morrer, ou ficar louco, ou ficar preso...
Para minha surpresa, houve revolta geral entre os espectadores.
Ninguém aprovou o final (que foi, no mínimo realista) sob protestos de "Nunca mais assisto uma novela da Glória Perez" ou "a Globo não sabe mais fazer novela mesmo".
A revolta incluiu e-mails malcriados à emissora, e um ranso com a próxima novela... enfim. em algum nível, MOBILIZAÇÃO COLETIVA.

Mas, essas mobilizadas contra a inpunidade dos vilões fictícios se mobilizam contra a impunidade dos vilões da vida real?

Elas fazem greve? Acompanham projetos de lei? Acompanham processos jurídicos?

Mandam e-mails malcriados para seus candidatos?

Sabem o teor dos escandalos políticos?

Claro que sei da dificuldade de monitorar os vilões da vida real, afinal, não temos takes e filmagens com horário definido sobre eles. Mas temos a internet, notíciário, jornais e revistas. Temos o tempo do banheiro pra ler. O tempo do ônibus. O tempo da novela...

Enfim...
Lembrei da escassez de mobilização na época da greve.
Me ocorreu:
Na greve do ano que vem, vou colocar uma fantasia de "ivone" no Dário e outra no Rodolpho.
Quem sabe assim???

terça-feira, 1 de setembro de 2009

VANUSA

Segundo a wikipedia, rapidamente atualizada:

Vanusa Santos Flores (Cruzeiro, 22 de setembro de 1947), conhecida simplesmente como Vanusa, é uma cantora brasileira. Musa do "iê-iê-iê", foi sucesso na década de 1970 com a canção "Manhãs de Setembro". Ao longo de sua carreira, gravou 23 discos e vendeu mais de um milhão de cópias. Representou o país em vários festivais internacionais e recebeu cerca de 200 prêmios. Por dois anos seguidos foi eleita a Rainha da Televisão. Entre os programas de televisão que participou estão o Qual é a Música? e o Aquarela Brasileira. Atualmente continua cativando o coração do público brasileiro. É mãe de três filhos: Rafael Vanucci, filho de Augusto César Vanucci e vencedor da segunda edição da Casa dos Artistas, Amanda e Aretha Marcos, filhas do cantor Antônio Marcos, Aretha foi apresentadora do ZYB Bom ao lado do meio-irmão.

Em 2009, ao participar de um evento na Assembléia Legislativa de São Paulo, Vanusa causou incômodo aos presentes ao cantar o Hino Nacional Brasileiro sob a ação de um remédio contra labirintite, errando a letra. O vídeo da apresentação se espalhou rapidamente pela internet.

http://www.youtube.com/watch?v=6w9MpztV4gk

Bem.

Fiquei realmente com muita vergonha quando assisti o vídeo. Achei engraçado, mas muito pouco. O que eu senti nada teve de relação com patriotismo ou coisa do gênero. Senti muita pena e medo. Um aflição mesmo. De um dia me acontecer algo parecido.



Uma mulher que já foi conclamada a "rainha da televisão". Uma cantora, conhecida nacionalmente, com uma carreira estruturada... Estar em tal estado de decrepitude e, honestamente, não reconhecer a hora de sair de campo. Ela não só errou a letra. Ela não só errou a melodia. Ela estava cantando MAL. DESAFINADA, com uma voz absurdamente nasal... Cafonice tem limite! E, claro, sabemos que essa não é a voz dela. Sabemos que, sim, ELA SABE A PORRA DO HINO NACIONAL. É òbvio que sabe. Simplesmente não estava em condições de estar se apresentando NEM NO CHUVEIRO.


Infelizmente, a idade (e os problemas relacionados) chega para todos.
Em mim, resta só a incomensurável vontade de saber a hora de pendurar as chuteiras. Antes de colocar os filhos risonhos deste solo numa outra situação dessas e deitar eternamente em qualquer lugar que seja.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

...................................................


Não é namoro. É melhor.

Algumas coisas na nossa vida acontecem premeditadamente, ou porque desejamos muito. Planejamos, executamos, às vezes dá tudo certo – na maioria, os imprevistos são muitos. Há, contudo, coisas que acontecem assim, sem mais nem menos, quando você menos espera e talvez nem esteja querendo muito; essas são as melhores.

Hoje faz seis meses. Que aconteceu uma coisa muito nova, louca, complicada e boa na minha vida. Estou feliz e muito surpresa. É como se você pulasse de pára quedas e soubesse que apesar de muito bom, aquilo ia durar alguns segundos. E seis meses depois você constata que ainda está em queda livre, desfrutando de um momento muito intenso – e muito agradável.

Pára ilustrar um pouco esse tipo de relação e sentimento, vou usar um texto, que define um pouco o que estou tentando explicar. Uma paródia de um texto retirado do livro Divã, da Martha Medeiros. Mudei algumas coisas e tempos verbais. Foi ela que escreveu, mas podia ter sido eu.

“Se é namoro? Não é. É outra coisa. Estou cega ou quase isso: tenho uma visão embaçada do que está acontecendo. Dizem que as pessoas se apaixonam pela sensação de estar amando e não pelo amado. É uma possibilidade. Eu estou feliz, no compasso dos dias e dos fatos. Estou plena e estou convicta. Estou sintonizada. Parece início de namoro, mas não é. É algo recém-nascido em mim, ainda não batizado.

Quem pode explicar o que me acontece por dentro? Eu tenho que responder ás minhas próprias perguntas. E tenho que ser serena para aplacar minha própria demência. E tenho que ser discreta para me receber em confiança. E tenho que ser lógica para entender minha própria confusão. Ser ao mesmo tempo o veneno e o antídoto. (...)

Não é namoro, é uma sorte. Não é namoro, é uma travessura. Não é namoro, é sacanagem. Não é namoro, são dois travesseiros. Não é namoro, é de tarde. Não é namoro, é inverno. Não é namoro, é sem medo. Não é namoro, é melhor.”

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Retrato [de uma rubra] em preto e branco


Já conheço os passos dessa estrada
Sei que não vai dar em nada
Seus segredos sei de cor
Já conheço as pedras do caminho
E sei também que ali sozinho
Eu vou ficar, tanto pior
O que é que eu posso contra o encanto
Desse amor que eu nego tanto
Evito tanto
E que no entanto
Volta sempre a enfeitiçar
Com seus mesmos tristes velhos fatos
Que num álbum de retrato
Eu teimo em colecionar

Lá vou eu de novo como um tolo
Procurar o desconsolo
Que cansei de conhecer
Novos dias tristes, noites claras
Versos, cartas, minha cara
Ainda volto a lhe escrever
Pra dizer que isso é pecado
Eu trago o peito tão marcado
De lembranças do passado
E você sabe a razão
Vou colecionar mais um soneto
Outro retrato em branco e preto
A maltratar meu coração



[retrato em preto e branco - Chico Buarque]

domingo, 2 de agosto de 2009

Balanço de férias

Tudo foi pouco.
O tempo; menos.

Deu tempo pra não fazer tudo que tinha planejado e precisado.
Deu tempo de não fazer nada que eu queria.
Não escrevi os projetos.
Não cortei o cabelo.
Não corri na margem do rio.
Não fiz dieta.
Não visitei meu pai.
Não revi alguns amigos.
Não fui ao espetáculo.
Não dormi até tarde.
Não aproveitei o tempo.
Não descansei do trabalho.

Deu tempo de fazer tudo que eu não queria, mas quis.
Saí na noite da minha antiga cidade.
Conheci muita gente interessante.
Fiz novos amigos.
Refocei antigos laços.
Tricotei meio cachecol.
Pintei o cabelo.
Tomei vinho colonial.
Amei!
Tomei um porre. E tive ressaca.
Vi a chuva.
Joguei conversa fora.
Fiquei na dúvida.
Assisti programas ruins na televisão.
Terminei um livro, comecei outro.
Toquei violão com amigos.
Refiz todos os planos.
Recomecei.

Deu tempo de querer mais férias.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Wild World - da série A menina de polainas vermelhas

Foi só quando o ônibus arrancou e a música começou ["Wild World"- Cat Stevens] que deu uma pausa na sua leitura e as lágrimas rolaram pelo seu rosto. E percebeu o quanto era doloroso deixá-lo, mesmo que só por uma semana. Percebeu quanto o amava e como queria que isso durasse pra sempre.
Percebeu que ele era mais que namorado e mais que amigo - mesmo que "amigo" seja a melhor palavra para definir a relação que estão construindo.

Essa nova percepção foi uma surpresa e deu-lhe uma esperança; de que o amor pode durar, desde que as pessoas tenham maturidade para lidar com as mudanças que ele sofre. Internamente, sorriu de leve. Sentiu um frio percorrer a espinha.

A menina abaixou para ajeitar as polainas. Estava fazendo frio realmente, além daquele de sua alma. Olhou por um tempo a janela.
Então percebeu o quanto andava estressada e precisava de férias e de um certo isolamento. O escuro da estrada era reconfortante. Só e pacífico.
Comovida, voltou a música, fechou os olhos e se permitiu chorar por mais um tempo.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

A Menina de Polainas Vermelhas


Na noite, apressada, caminha.

Um borrão vermelho marca seus passos, medrosos e ansiosos.
Enervados e sofridos.
Cansados.

Um amor desponta. Uma vida nova, lampejo de esperança de felicidade plena.
A pressão de ser, pulsa a cada respiração.

A menina, com suas polainas vermelhas pensa, repensa, remói.

Pensa em todos os sonhos que já teve e evanesceram. Pensa na vida e nas dificuldades. Pensa em letras de música.
Gosta de curtir seu novo companheiro, e só consegue pensar em como será quando ele for embora.

"porque sei calcular o valor de uma amor que desponta, eu meço pelo tamanho da dor que no final eu sei que vai sobrar" - Diz a letra da canção no mp3.

Aperta o coração e o passo.

E como seria bom se pudesse acreditar novamente.

"Eu te amo pra sempre"

Quer falar, todo tempo... mas sabe que não é verdade. Pra sempre é muito tempo. Ela nunca amou ninguém pra sempre, de verdade. Quantas vezes se enganou? "Pra sempre" já durou dois anos, três anos - no máximo quatro.

E depois o amor mudou, e depois o amor morreu.

As pessoas começam a reparar que a menina pisa torto. Anda torto e ama torto. E a menina tem uma certeza: Ama!

Do seu jeito torto, intenso e talvez efêmero. Ela ama.
E a certeza preenche seu ser, e faz encarar os problemas do cotidiano (aqueles que são tão corriqueiros que conseguem lhe tirar o sono).
Ela ama.

Decide então, amar...
Decide continuar caminhando, e deixa pra sofrer depois...

terça-feira, 23 de junho de 2009

3ªº

Todos os olhares eram pra eles.
Eles que são geniais: o motivo pelo qual ela acordava cedo pra ir pra escola. O motivo pelo qual ela se arrumava pra ir pra escola. O cabelo, nunca estava bom. As malditas espinhas.

Era muito inteligente. Não muito bonita.
E aquele rapaz, contrariando toda lógica, a interessava.
Ele talvez não fosse o mais bonito. Com certeza não era inteligente. E não era burro. É indizível o que atrai nele. As melhores piadas, as melhores idéias. É aquele cara que move o terceirão. Ele conduz as tendências do colégio. E que a fazia suspirar e sonhar...
Embrulhada em seus pensamentos, ela praticamente não enxergava a festa. A música e as bandeirinhas se confundiam. Não sabia quanto tempo ainda ia ter que ficar ali.

***

De longe, ela observa os jovens. Percebe o olhar interessado, de uma menina retraída, no "galã" do Terceirão. Lembra-se de seu tempo de colégio. E de como todas as projeções e antigos interesses acabaram se tornando decepções. Na época não era uma menina interessante. Hoje, ao olhar pra trás, percebe como aquelas meninas, que tinham toda a atenção do colégio, que eram lindas e poderosas e populares, estão acabadas. Como se o tempo delas tivesse passado. Talvez não tivessem ainda maturidade para lidar com aquele tipo de popularidade. Acabaram se degradando. Hoje, não se sabia mais notícias boas de nenhuma dessas suas colegas. "Lamentável" - pensou ela...

Ela teme.
Sabe que seu tempo também vai passar.
Se pergunta se ela vai conseguir manter o brio da vida, sem sua beleza e jovialidade.

Um garoto visivelmente desajustado passa por ela interrompendo seu pensamento. A moça não consegue controlar seus julgamentos. Toda a festa é um retrato de seu segundo grau, só que atualizada. Os mesmos recadinhos constrangedores. As mesmas piadas, as mesmas brincadeiras de mau gosto. O cheiro de quentão embrulha o seu estômago. Instintivamente, vai procurar o banheiro.

***

Num canto, ela estranha o olhar de uma moça que está sozinha ao lado da barraca do quentão.
Repentinamente se empertiga ao ouvir o anúncio: "15 minutos para a quadrilha do terceirão" a mais aguardada da noite...

Seus olhos se recusam a enxergar. Ele está realmente interessado na menina mais idiota do mundo. O recadinho vem com uma bomba. "Amanda 302, te amamos. Assinado, todos os meninos do terceirão". Amanda ri, um sorriso bonito, seus dentes perfeitos. Instantâneamente desfere tapinhas faniquitosos nele. Os dois sorriem.

Enojada pela cena patética, procura um refúgio. Precisa sair dali.

***

Ao caminho do banheiro, pára ao ouvir o anúncio. "Vai começar a quadrilha do terceirão".
Sua curiosidade é mais forte. Ela quer ver se os tempos realmente mudaram. A dança começa, e ela admite. Eles são os mais criativos. São bonitos, descolados. Absurdamente engraçados. Não consegue conter o riso diante da encenação do casamento jeca. "Típico" pensa. Típico, porém, engraçado.
O cheiro do quentão e as lembranças do seu terceirão renovam sua vontade de ir procurar o banheiro.

***

Chegando ao banheiro ela é interrompida pela menina retraída que entra correndo, olhos marejados. Ouve o estampido da porta batendo e o choro convulsivo que flui como uma avalanche. Ela sabe extamente o que deve ter acontecido. Sente vontade de abrir a porta e falar pra menina que ele não vale a pena. Que alguns anos depois, quando ele estiver mais velho, vai enjoar dessas meninas fúteis e procurar meninas como ela. Que possivelmente ela ainda ia ficar com ele e ia descobrir que ele beijava mal, que ela era burro, desinteressante. E que a beleza dele ia durar muito pouco. Que aquela menina, que hoje era tão popular, ia perder o brio. Sente vontade de dizer o quanto a menina é linda. Que com certeza ela ia encontrar vários amores, que realmente a merecessem. E que esses também causariam algumas decepções.
A moça contém todos esses impulsos e sorri. Com os olhos cheios d'água, se olha no espelho e reconhece sua expressão, tão mais endurecida. "Quase amarga, agridoce talvez".
Sente saudades daquela menina chorando no banheiro.
De novo, sorri.
"Vai passar... vai passar..."

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Ah... o inverno...


Eis que chegou, assim de mansinho.

Fomos desentocando os casacos, tecendo cachecóis.
Alugando filmes, comprando vinhos.

O friozinho amigo vem pra reunir as pessoas.
Assim, espero você ao meu lado.
"quero que você me aqueça nesse inverno"

Curtindo toda a magia do sol, que no inverno é uma delícia.
Toda a fofura dos cobertores.
O cheirinho da sopa.
A fumacinha do chá.
O café cremoso, o chocolate quente.

E, nem tudo é perfeito...
Tem que levantar da cama quente de manhã cedo.
Tem que passar frio pra sair do banho.

Tem que ter alguém pra esquentar o pé debaixo das cobertas.

Quero que você me aqueça nesse inverno...
Pelo menos nesse inverno...

E quanto aos próximos invernos, a gente vê depois...
Afinal, tem uma primavera e um verão, e ainda um outono pra rolar, antes que ele chegue...

quinta-feira, 18 de junho de 2009

os melhores

Tínhamos um sonho.
Construímos uma vida em pensamento.
Projetamos tudo que queríamos em nós mesmos e uns nos outros.
Eramos um casal, mas não ligávamos pra tudo que era clichê.
Nós éramos melhores que todo o mundo. Melhor que a dona de casa, melhor que a pedagoga normal, melhor que o advogado, melhor que os metaleiros.
Nos achávamos superiores a tudo isso. Estávamos de passagem na vida, com a cabeça na janelinha do trem. O vento batia nos cabelos longos. Nossa aparência não importava realmente. O mundo podia pensar o que quisesse.
Nos amávamos.
Acima de tudo, nos respeitávamos.

Só que não.
as projeções demoraram pra acontecer...
ninguém consegue conviver com um projeto frustrado.
não, eu não era tudo aquilo que prometia ser...
não, tudo aquilo não era suficiente pra mim.

NÃO. Não éramos melhores que todo mundo. Éramos como todo mundo. Normais. Talvez piores, por nos julgarmos superiores. Acabamos aceitando a vida como ela era. Trabalho, filhos, casamento. Todas as coisas que desdenhávamos.

"Quem pode me culpar por querer mais.
Mais do que a magia momentanea de uma cerimônia.
Quem pode me culpar por querer realmente ser melhor.
Não melhor que os outros, mas melhor do que eu mesma."

E tudo ruiu...
projetávamos um no outro as frustrações do dia-a-dia.
acabaríamos por nos odiar mutuamente e a nós mesmos
por nos permitir a dor de sermos só normais.
E não melhores.

domingo, 24 de maio de 2009

Vivo num morro


Capturei uma bela imagem, indo trabalhar essa semana:

vivo num morro (Pato Fu)

Vivo, eu vivo num morro
Que quanto mais de longe mais bonito é de se ver
Não há, quem resista ao meu morro
Dentro da luz azul que sai da TV

Morro que é assim
Cheio de não sei o que
De tantas almas em dor
Pra sentir teu cheiro e teu sabor
Morrendo pra sobreviver
Penando pelas quatro dimensões

Pra lá e pra cá, é difícil chegar
Pra cá e pra lá, como vou começar?
E o tempo passa quando quer passar
E o morro sempre no mesmo lugar

Morro, eu vivo num morro
Que quanto mais de perto mais difícil é de se entender
Não há, quem resista ao meu morro
Dentro sa luz azul que sai da TV

domingo, 17 de maio de 2009

Entardecer


"Kitinha, estou entrando no último lustro de minha vida!" Diz, do alto de seus oitenta e tantos anos, o Senhor Nézio Figueiredo à sua irmã. Fala assim, sem peso, sem medo, sem tom de morbidez...
Anuncia como se estivesse dando uma festa. E bem.. talvez esteja...

A frase ficou martelando na minha cabeça, mais do que a sentença em si, mas a entonação com que foi anunciada. Entonação de leveza, e, por que não, felicidade. (não aquela felicidade entusiasta da paixão e alegria, mas aquela serena... que vem pra ficar...)
Pergunto-me o que é necessário pra se chegar ao último lustro da vida com a sensação de completude, plenitude... de uma vida bem vivida.
Nascemos e morremos, diz a Martha Medeiros, e no intervalo entre isso tudo fazemos todo o resto.

Quero a sorte de ter isso, a consciência de uma vida plena. De escolhas erradas, alguns arrependimentos. De ter magoado pessoas, e de saber que só no fim de tudo é que poderemos julgar o que foi certo e o que foi errado. E no fim entender que não existe certo e errado, pra ninguém. O que existem são momentos impróprios, caminhos tortuosos e toda a complexidade de vivenciar esse processo. E também quero a sorte da sequência. Deixar alguma coisa nesse mundo que reflita a minha breve passagem sobre ele. (além de poluição...). Que seja uma família (que não necessariamente tem que ser de entes conseguíneos), um livro, relatos, músicas, meus sentimentos expressos de uma forma ou de outra. Que sejam árvores, educação, polidez. Que jam traumas (inevitavelmente), complexos. Que eu possa mudar um pouco todos que toco, num movimento recíproco, e que dessa forma fique registrado: A Júlia passou por aqui.

Nacemos e morremos, e no intervalo entre tudo isso tentamos conviver com esse turbilhão de sentimentos, bons e ruins que são inerentes a esse processo. com todo o amor e desamor. Tentamos evitar o sofrimento e num extinto animalesco preservar a vida.
Mas é tarde demais.
Tarde demais, nascemos.

sábado, 21 de março de 2009

Reciclagem

Hoje aproveito para repetir o título do blog de uma amiga.
Mas, o que vou reciclar é um texto, mais especificamente uma música, composta pelo Caetano que me chegou aos ouvidos na interpretação de Ana Canãs, uma cantora que amo.

Quem quiser ver um pouco, no meu orkut tem um videoclipe muito legal dela. A música, eis.

Coração Vagabundo

Ana Cañas

Composição: Caetano Veloso

Meu coração não se cansa
De ter esperança
De um dia ser tudo o que quer
Meu coração de criança
Não é só a lembrança
De um vulto feliz de mulher...

Que passou por meus sonhos
Sem dizer adeus
E fez dos olhos meus
Um chorar mais sem fim
Meu coração vagabundo
Quer guardar o mundo
Em mim!
Meu coração vagabundo
Quer guardar o mundo
Em mim!

Meu coração não se cansa
De ter esperança
De um dia ser tudo o que quer
Meu coração de criança
Não é só a lembrança
De um vulto feliz de mulher...

Que passou por meus sonhos
Sem dizer adeus
E fez dos olhos meus
Um chorar mais sem fim
Meu coração vagabundo
Quer guardar o mundo
Em mim!
Meu coração vagabundo
Quer guardar o mundo
Em mim!

Meu coração vagabundo
Quer guardar o mundo
Em mim!
Meu coração vagabundo
Quer guardar o mundo
Em mim!

segunda-feira, 16 de março de 2009

A menina que roubava livros

Vi, certa vez, um livro numa vitrine.
Chamou-me atenção não o título, mas a linha que o acompanhava "Quando a morte conta uma história você deve parar para ler". Sem dúvida, uma publicidade de impacto. O livro é muito bonito, a arte da capa é bem apropriada, como um "Best Seller" deve ser. A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS. Fiquei interessada. Comentei com algumas pessoas. Ganhei o livro de duas delas no meu aniversário.

A história é realmente encantadora, muito legal mesmo. Eis que, mais de um ano depois ganho o livro de presente novamente. De alguém não muito próximo, mas que me é muito querida. Fiquei imensamente grata e lisonjeada de terem achado esse livro "com a minha cara". Gostei muito. Nem comentei com a pessoa que me deu que eu já tinha o livro, inclusive (concidências..) faz dois dias que peguei o meu exemplar pra emprestar para uma colega. Enfim.. "quando você ganha um livro três vezes você deve parar para ler". =D

Ainda não decidi o que vou fazer com a cópia sobressalente. Provavelmente, vou tentar trocar em algum sebo (é, não veio com selinho de troca) pelo segundo livro do mesmo autor que lançaram há pouco e também me interessou. Se por acaso a pessoa que me deu o livro ler o blog, não fique chateada. Eu realmente gostei muito de ter ganho esse livro e por isso não pedi pra trocar. MESMO!

Mas.. curioso... ganhar um mesmo livro.. três vezes..

domingo, 8 de março de 2009

Densidão esmagadora


Esmagada pela atmosfera. Uma atmosfera, não de solidão, mas de estar sozinha. As possibilidades contidas nessa atmosfera são esmagadoras e entediam e dão uma preguiça de viver. Posso fazer o que eu quiser, vestir o que eu quiser, tomar banho se quiser... Ninguém está aqui e nem vai estar. O próximo compromisso é só amanhã. Até amanhã todas as possibilidades de minha vontade - dentro do espaço quadrado de minha casa ou proximidades - são válidos.
A primeira tentativa é fugir. Criar compromissos inexistentes, contatar amigos, dormir fora de casa. Mas aos poucos a atmosfera do Estar-só se faz tão densa de forma que não há como escapar. Confronto meus pensamentos, vontades e afazeres pendentes de uma forma que até ofende. Não se deve jogar na própria cara sua personalidade. Os verdadeiros desejos de uma pessoa não devem ser revelados a ela mesma desta forma tão despudorada. É ultrajante, doloroso e desnecessário. Pra que serve afinal esse aparato multimídia e a urgência do capitalismo senão pra criar necessidades desnecessárias, mas que camuflam suas necessidades reais?
A atmosfera aumenta sua densidade (o termo mais exato seria densidão, densidade é muito físico, não combina com a atmosfera do Estar-só). O peso dela chega a doer nos ombros e arder os olhos. Entope os ouvidos. O fato de estar chovendo apenas reforça as sensações. A atmosfera parece ter provocado a chuva e agora se regozija com a sua presença, de renovação e energia lá fora; aqui fora, enquanto me obriga a ficar abafada dentro do quadrado, onde ela habita comigo nesse momento. Um requinte de crueldade, sem dúvida. E eu que amo a chuva me vejo desejando que ela cesse.
Aos poucos, vou reprogramando os compromissos que marquei comigo mesmo. Provavelmente vou me dar o cano. Dormir é a única maneira de escapar da atmosfera. Acaba-se com a consciência de que a atmosfera está aqui. E quando acordar, ela terá ido embora com a chuva e o final de semana.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Claricismos Lispectorantes e a espera.



É difícl acreditar que depois de tanto tempo eu estou aqui esperando por ele de novo. Não sei ao certo como aconteceu a metamorfose que fez com que meu "eu-ego", minhas entranhas e minha consciência se dissociassem dele. Eu não preciso mais dele, o que me lembra que se estou a esperá-lo novamente é por opção e não por necessidade. E, justamente por ser opção é que ne deixa mais zangada. Observo os casais apaixonados ao redor e fico num misto de enjoada e enervada. Eu gosto muito de flutuar numa nuvem-de-algodão-doce-cor-de-rosa com curvas de tobogã que dão frio na barriga. É assim que os casais apaixonados se sentem... Mesmo com todas as decepções da vida, quando você se apaixona, desaprende tudo e volta a flutuar no algodão doce, mas uma hora ele açucara e desmancha ou desanda. E aí você fica patinando na maionese.
Talvez por estar num cinema, com todo seu clima romântico, fico mais e mais nervosa a medida que o tempo passa. Mas por que quero, tenho opção de ir embora e dar as costas a ele assim que quiser sem que meu coração faça muito drama. "meu coração está no bolso" diz a letra de uma música " e um moço tirou ele de lá". Mas o meu está no bolso, está ainda ali. Batendo torpe. Como se estivesse à espera do crepúsculo ou da aurora.. ou de um temporal.
Esse tipo de texto é muito claricista. Um enredeado de palavras, compostas de sentimentos. De ser e basta. Mas claro, não vou alongar o monólogo. Como Clarice Lispector (longe de mim me comparar) isso é só literatura. Enjoativa, enervante, torpe... por si só. Com um coração que bate no bolso.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

A plataforma dessa estação é a vida nesse meu lugar


Depois de um turbilhão de acontecimentos, TCC, fim de ano, Produções novas, contrato com a banda, Reveillon na ferrugem, férias (movimentadas)...

Eis que me adpto a nova condição
errante
andante
viajante
solteira

e
por vezes
só.


Livros, Dvds amigos e baladas.

Inspiração... constantemente surgem momentos que permitem criar.