quinta-feira, 18 de junho de 2009

os melhores

Tínhamos um sonho.
Construímos uma vida em pensamento.
Projetamos tudo que queríamos em nós mesmos e uns nos outros.
Eramos um casal, mas não ligávamos pra tudo que era clichê.
Nós éramos melhores que todo o mundo. Melhor que a dona de casa, melhor que a pedagoga normal, melhor que o advogado, melhor que os metaleiros.
Nos achávamos superiores a tudo isso. Estávamos de passagem na vida, com a cabeça na janelinha do trem. O vento batia nos cabelos longos. Nossa aparência não importava realmente. O mundo podia pensar o que quisesse.
Nos amávamos.
Acima de tudo, nos respeitávamos.

Só que não.
as projeções demoraram pra acontecer...
ninguém consegue conviver com um projeto frustrado.
não, eu não era tudo aquilo que prometia ser...
não, tudo aquilo não era suficiente pra mim.

NÃO. Não éramos melhores que todo mundo. Éramos como todo mundo. Normais. Talvez piores, por nos julgarmos superiores. Acabamos aceitando a vida como ela era. Trabalho, filhos, casamento. Todas as coisas que desdenhávamos.

"Quem pode me culpar por querer mais.
Mais do que a magia momentanea de uma cerimônia.
Quem pode me culpar por querer realmente ser melhor.
Não melhor que os outros, mas melhor do que eu mesma."

E tudo ruiu...
projetávamos um no outro as frustrações do dia-a-dia.
acabaríamos por nos odiar mutuamente e a nós mesmos
por nos permitir a dor de sermos só normais.
E não melhores.

Um comentário:

marcio markendorf disse...

acho linda essa desconstrução da aura happy end das histórias de amor. o tapa na cara, o soco no estômago, o sonho pisado são mais reais e mais literários que os contos de fadas.