segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A atitude

Ele parecia um personagem do Fellini, saído direto de juventude transviada.

Vinte anos, jaqueta de couro com jeans. Cigarro red, acompanhado por aquela atitude. Aquela que só temos aos vinte anos, quando o mundo é um mistério, uma droga, uma merda, um espelho. Um lugar estranho onde não conseguimos nos ajustar e nem queremos.

Tinha aqueles olhos azuis, inquisidores. E, claro, ele tinha uma banda.

Por ser mais novo, ele exercia aquele encanto. Aquele “quê” a mais. E, por alguma razão misteriosa, me incomodava muito ser mais velha que ele. Porque ele tinha que ser acolhedor e protetor. Ele tinha que ser o cara pra alguém. Mas, pra mim, ele sempre seria o carinha mais novo. Alguém pra ensinar.

Contudo, a primeira surpresa foi quando ele chegou pra me beijar, sem avisos ou hesitação, e me pegou de um jeito que não deu pra recuar, nem pensar se era certo ou errado, bom ou ruim. Só tinha que ser e ponto. E assim aquele menino, foi, aos meus olhos se tornando um homem. A experiência com narcóticos (que eu não tenho nenhuma). A desenvoltura musical. O jeito de tentar compensar a pouca idade sendo protetor, cavalheiro e romântico. E me fez reviver... Reaprender algumas coisas.

Me fez acreditar novamente no romantismo. Nos sonhos e projetos. No número dois. Não porque tenhamos feito quaisquer planos ou projetos e nem mesmo falado no depois. Simplesmente, por não falarmos e nem sequer pensarmos. Não pensamos nas possibilidades. Em nada. Só aproveitamos nossos momentos, o mais romanticamente que se podia ser. Gostoso, leve, cheio de encanto. Como uma brisa que sentimos no rosto aos vinte anos. Como uma canção. Um vento no litoral.

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