terça-feira, 30 de setembro de 2008

ERRANDO PELAS HORAS



Uma miscelânea de sentimentos invade um ser errante que tenta viver sua vida real, mas não consegue se desprender de suas projeções e expectativas.

O sentimento principal é uma certa frustração pela dificuldade em concretizar um trabalho, que é urgente, difícil e pelo qual todos que o rodeiam aguardam freneticamente. Os prazos são impostos pelo próprio ser errante, mas mesmo assim ele falha em cumprí-los. Outro dos sentimentos que invadem são o medo e a insegurança, a descrença na capacidade do mundo de dar voltas, e do tempo de curar feridas. Algumas coisas jamais voltam, e outras sim. Como saber quais coisas se pode esperar que voltem?
Não há nada que não tenha uma resposta, uma solução. Mas há soluções que jamais encontraremos nessa vida. Uma amiga disse ao serzinho errante:
- As pessoas ficam uma na vida da outra por um tempo determinado, em que tem alguma coisa a aprender e ensinar. Enquanto tem coisas a compartilhar. Quando essa partilha acaba, elas se separam.
O difícil é saber até que ponto você inventa coisas para partilhar ou até que ponto essas coisas já lhe pertencem.
Dessa maneira, o ser continua errando. Vaga pelos seus afazeres esperando e vivendo, sentindo todo o peso das horas (como Virgínia Wolf descreve tão magistralmente). Erra e tambem acerta. Vive, mas também espera. Os anos, os dias, as horas.


Palavra do dia: ADUNCO

Um comentário:

Mariana disse...

"Algumas coisas jamais voltam, e outras sim. Como saber quais coisas se pode esperar que voltem?"

"O difícil é saber até que ponto você inventa coisas para partilhar ou até que ponto essas coisas já lhe pertencem."

Pefeito...