sexta-feira, 6 de março de 2009

Claricismos Lispectorantes e a espera.



É difícl acreditar que depois de tanto tempo eu estou aqui esperando por ele de novo. Não sei ao certo como aconteceu a metamorfose que fez com que meu "eu-ego", minhas entranhas e minha consciência se dissociassem dele. Eu não preciso mais dele, o que me lembra que se estou a esperá-lo novamente é por opção e não por necessidade. E, justamente por ser opção é que ne deixa mais zangada. Observo os casais apaixonados ao redor e fico num misto de enjoada e enervada. Eu gosto muito de flutuar numa nuvem-de-algodão-doce-cor-de-rosa com curvas de tobogã que dão frio na barriga. É assim que os casais apaixonados se sentem... Mesmo com todas as decepções da vida, quando você se apaixona, desaprende tudo e volta a flutuar no algodão doce, mas uma hora ele açucara e desmancha ou desanda. E aí você fica patinando na maionese.
Talvez por estar num cinema, com todo seu clima romântico, fico mais e mais nervosa a medida que o tempo passa. Mas por que quero, tenho opção de ir embora e dar as costas a ele assim que quiser sem que meu coração faça muito drama. "meu coração está no bolso" diz a letra de uma música " e um moço tirou ele de lá". Mas o meu está no bolso, está ainda ali. Batendo torpe. Como se estivesse à espera do crepúsculo ou da aurora.. ou de um temporal.
Esse tipo de texto é muito claricista. Um enredeado de palavras, compostas de sentimentos. De ser e basta. Mas claro, não vou alongar o monólogo. Como Clarice Lispector (longe de mim me comparar) isso é só literatura. Enjoativa, enervante, torpe... por si só. Com um coração que bate no bolso.

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