quinta-feira, 12 de maio de 2016

Sofremos um golpe? Calma, não rasgue seu título.


Acordei otimista.

Na timeline do facebook alguns direitistas moderados (os poucos que ainda restam em meu grupo de relações na web) postam uma ou outra frase de ironia. Mas o sentimento geral é vergonha.

Uma vergonha de tudo, como dizem, desse governo que não dá pra defender e dessa oposição que não da pra aceitar.

Nesse movimento de demonstrar sua vergonha, muitos compartilham a  foto do título de eleitor rasgado. Fico pensando que esse reducionismo é perigoso, senão vejamos:

Sofremos um golpe? Em parte sim. Não um golpe contra a democracia. Não um golpe pela volta da ditadura. Um golpe político, exclusivamente. Perdemos um cabo de guerra por disputa de poder e nem mesmo para a mudança e sim para a manutenção de um pacto que o PT assinou com o PMDB há anos. O que acontece é que Dilma é incisiva, é radical demais, firme demais. E o PMDB estava perdendo espaço...  Esse golpe, companheiros, é aquele karma que se sofre quando se assina pacto com o diabo. Demora, mas vem.  

As principais mudanças são simbólicas, daqueles símbolos que importam e muito. O que cai hoje é a representatividade das minorias (vide o primeiro ministério sem mulheres anunciado hoje pelo Interino Temer). Caí a continuidade dos programas sociais, caí o "poder" aquisitivo da classe média (sim essa que estava batendo panela...). Mas a estrutura democrática continuará. Ela é muito importante para a manutenção desse sistema. Inclusive, a sonhada reforma política, foi-se para o espaço de vez. E assim como caiu Dilma, cairão todos os presidentes (ou presidentas) que tentarem continuar com ela.

Mas importa lembrarmos que o título de eleitor não é só para votar em Presidentes. Precisamos sim, como eleitores, atentar para essa bancada absurda de deputados e senadores. (Esses que a gente viu derrubarem a presidenta). A quem essa gente representa? Quem vota neles? Eu, particularmente, nunca elegi um deputado. Aqueles em que votei raramente chegam ao número de votos e, quando chegam, o partido não tem legenda. (A famosa reforma política faz falta nesses momentos).

Precisamos ficar mais atentos em que deputados e senadores estão chegando lá. Precisamos cobrar, ser ativos. É difícil, porque estamos sempre trabalhando, mas esse é um caminho bom pra termos em mente. Atenção aos deputados e senadores. Não rasgue seu título!

Outro fato que temos que lembrar. Esse ano temos eleições para prefeitura. É muito importante que exerçamos esse direito com unhas e dentes, afinal, essas são as instâncias mais próximas de nós. Nessa instância, do município, conseguimos vivenciar mais de perto o exercício da política cotidiana. NÃO RASGUE SEU TÍTULO! Vote, pesquise, faça a diferença.

A democracia vai continuar por muito tempo e esse "golpe" que levamos hoje é só mais um que vai entrar pros anais do aprendizado.

A gente cai, levanta e continua com mais sabedoria nas próximas eleições.

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